A mais triste despedida

Eu queria manter uma linha e postar todos os passos do programa de Au Pair até chegar o embarque, mas hoje uma situação me fez parar para pensar e quis escrever aqui. Foi uma despedida, e esta será para sempre.

Money can buy you a fine dog,
but only love can make him wag his tail. (Kinky Friedman)
Em 1996 nasceu o Mailom, um Basset Daschund com o pelo marrom/dourado e uma faixa preta que começava atrás da cabeça e se estendia até o rabo. Baixinho e desajeitado, ele mal saía da área de serviço, onde o colocamos para dormir na primeira semana. Ele nasceu no dia 12 de Setembro e, um mês depois, exatamente no Dia das Crianças, ele chegou em casa. Eu estava com11 anos. Meu irmão, 8.

Ele foi escolhido para fazer parte da nossa família. Fomos vê-lo logo quando nasceu e era o único macho da ninhada. Até completar 30 dias, fomos até a casa em que vivia quase todos os dias, para vê-lo crescer, mamar, brincar com os irmãos.

Por um momento, é triste pensar que o separamos de seus irmãos e mãe, mas ao mesmo tempo ele recebeu todo amor que um animal de estimação poderia receber de humanos. Nunca o tratei como filho ou irmão. Ele sempre foi o meu cachorro, de estimação, sempre no lugar dele, mas recebendo um amor que nem eu mesma sei mensurar.

Eu o vi crescer, aprender a erguer a patinha para fazer xixi, dar os primeiros latidos, descobrir o apartamento, aprender a pular na minha cama, aprender a andar de carro em pé no meu colo e apoiado na janela para sentir o vento nas orelhas. Ele fez chantagem na primeira vez que colocamos coleira, mas depois aprendeu que só colocávamos isso nele quando íamos levá-lo para passear e passou a pedir por ela. 

Ele ficou com a gente no apartamento até completar um ano. Depois disso, passou a viver na casa dos meus avós, próximo de onde moramos. Ainda o víamos com muita frequência. 

Ele gostava tanto disso! ;)
Lá ele podia correr, cavar a terra e vir nos receber com o focinho todo sujo e abanando o rabo. Ele nunca deixou de ir ao meu encontro, e chegava a chorar pra chamar minha atenção até eu ir brincar com ele. Ele corria e se jogava no chão, pedindo que afagasse seu pelo.

O tempo foi passando, e sabemos que o tempo passa mais rápido para eles. Seu pelo começou a ficar branco, perdeu alguns dentes e a tal catarata sênior também chegou.

Hoje, aos 15 anos, ele já não enxerga mais, ou enxerga muito pouco. Sua audição ficou fraca e nem o olfato é mais o mesmo. Ele passou a não me reconhecer mais, pois perdeu os sentidos que usava para isso. Porém, eu não deixo de ainda retribuir toda a alegria que ele me proporcionou. Mesmo ele não percebendo mais que estou por perto, ainda gosto de sentar ao seu lado e afagar o pelo.

Hoje fui me despedir dele. Quando cheguei, ele estava deitado sobre a sua manta estendida no chão. Não se mexeu, até que sentei no chão, ao lado dele. Vagarosamente, ele tentou cheirar meu braço e minha mão. Quando percebeu que era eu, ele tentou levantar. Sua patinha esquerda dianteira tremeu, e ele caiu. Coloquei uma das minhas mãos embaixo do peito dele, entre as patas, e o ajudei a ficar em pé. Ele abanou o rabo lentamente, mas não aguentou ficar muito tempo naquela posição. 

Deitou, de lado, e continuou abanando o rabo. Fiquei ali por um tempo acariciando atrás das orelhas e o peito. O pelo dele não é mais macio, e cai muito. Minha mão ficou cheia de pelos, o que normalmente atacaria a minha alergia, mas hoje isso aconteceu.

Com muita dificuldade, ele levantou mais uma vez. Muito lentamente ele saiu andando. Foi até o local onde ele costumava fazer suas necessidades. Fiquei observando, e o vi agachar para fazer xixi, assim como ele fazia quando filhote enquanto ainda não sabia levanta a pata. Percebi que a dor e a idade fizeram com que ele regredisse. E eu ainda não tinha presenciado uma situação dessa.

Ele voltou, no ritmo dele, e deitou. Não se importou se eu estava ali, mas continuei ao lado dele. De repente, ele se levantou denovo. Saiu andando, devagar, procurando pela vasilha cheia de água. Demorou alguns segundos até que conseguiu encontrar. Com o focinho ele foi "tateando" o caminho até a água. Com muito cuidado, ele foi abaixando a cabeça até que sua boca tocasse a água e ele tivesse certeza de onde estava. Bebeu um pouco e voltou ao mesmo lugar.

Eu sei que ele não vai aguentar me esperar. Quando eu voltar, talvez ele já tenha ido embora. Entretanto, gostaria que ele não sofresse por um tempo muito longo. É muito triste ver um ser incapaz de pedir ajuda, de dizer que está mal. 

As fotos que usei neste post são de 2007. Seu pelo já estava começando a ficar branco, mas ele ainda era ágil e cheio de alegria. Fazia festa, corria, latia muito. E é assim que quero me lembrar dele, do meu primeiro cachorro, deste amor diferente que aprendi a cultivar e vai durar para sempre!

Run, Mailom, run!
É, ele nunca gostou muito de fotos! ;)

Comentários

  1. É triste qdo eles se vão né. O Mailom já está velhinho e realmente, você não mais o verá após o seu embarque.
    Mas é incrível qdo eles entram na vida da gente né... São iguais bebes mesmo, necessitam de toda nossa atenção, carinho... e dedicação.
    Mas como tudo nessa vida, cada um de nós... temos a data final né.

    E sobre a sua ida pra fora... poxa, toda boa sorte do mundo pra vc. Vc foi atrás, persistiu... e conseguiu. Merecedora de todos os seus esforços.

    Adorei o seu cantinho e já estou seguindo.

    Meu cantinho está sendo reformado, por isso não conseguirá vê-lo. Mas qdo retornar, te aviso pra vc dar uma passadinha por lá.

    Beijos da Nega ^.^

    Nega-Maluca.com

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