Para cada personagem, uma história diferente

Há muito tempo eu não me via abalada por algo, ou algum motivo, mas hoje um texto me deixou um tanto quanto pensativa e até meio tristonha.

Foi um post, em um blog escrito por diversas Au Pairs, que me deixou fora de órbita por algum tempo. Este falava sobre as fases que, supostamente, toda Au Pair passa em seu período aqui nos EUA.

A princípio, não me identifiquei com nenhuma fase. Nunca me senti um bicho de outro mundo perante a família, nunca tive uma crise de homesick, e, o mais importante, estou estendendo porque minha única intenção, com isso, é ter a oportunidade de viver mais um ano nos EUA, e poder estudar mais.

Generalizações sempre me deixam doente. Às vezes chego a pensar que existe algo errado comigo, pois a minha vida de Au Pair é quase oposta à maioria das histórias que leio por aí. Eu não tenho problemas, eu não me sinto um peixe fora d'água, eu não tenho medo de trabalhar, eu não reclamo da minha rotina. Eu simplesmente vivo o que vem pela frente. Eu simplesmente moldei a minha vida do lado de cá, da mesma forma que a moldaria se tivesse saído de casa para morar na cidade vizinha.

Entretanto, isto não foi o que me pegou. Um comentário um pouco mais tendencioso me deixou bastante indignada. Segundo a autora do post, toda Au Pair tem, sem exceção, uma segunda intenção ao estender para o segundo ano. Ou é porque precisa de tempo para mudar o status do visto para B1 ou F1; ou porque tem a esperança de arranjar um marido, ou finalmente casar-se com o namorado, de preferência Americano, pois todas - TODAS - desencalham enquanto Au Pairs.

Ironicamente, ou não, a autora do post, hoje, é ex-au pair, mas continua vivendo nos EUA. Casou-se, tem filhos e agora é ela quem possui uma babá.

Dizer que sempre haverá uma segunda intenção ao estender o ano, é um equívoco imensurável. Se para a autora este foi o desfecho de sua história, isto não significa que toda Au Pair terá o mesmo desenrolar.

Eu estendi por diversas razões, e nenhuma delas inclui um relacionamento, quiçá um casamento!

Depois de todas as batalhas vencidas para que eu pudesse estar aqui, a primeira razão para querer ficar o segundo ano é, simplesmente, porque esta oportunidade de morar e trabalhar nos EUA, legalmente, por até 2 anos, é única! Eu poderia vir a trabalho, até mesmo na minha área de formação, mas o estilo de vida que eu levo hoje, somente o programa de Au Pair me proporciona. Aqui não pago aluguel, lavanderia, faxineira, telefone, manutenção e seguro do carro, serviço de TV e internet, aquecimento, energia, gás, água...

Outro motivo por querer ficar, é porque posso estudar mais. Aliás, já comecei meu terceiro curso, e se tudo der certo, não será o último. Para quem nunca estudou em uma escola de idiomas no Brasil, poder estudar Inglês aqui nos EUA, com professores Americanos, é impagável! É uma experiência pessoal que não tem preço.

Também decidi ficar mais um ano porque aqui me sinto em casa! A minha host family me trata como parte da família, as crianças são adoráveis, e me dedico ao meu trabalho aqui como me dedicaria a qualquer outro.

Se eu ficaria nos EUA por mais tempo? Sim, claro! Mas em duas situações distintas: 1. se tiver a oportunidade de um internship (equivalente ao trainee no Brasil) voltado para a minha área de formação; 2. caso possa fazer outra pós-graduação, ou até mesmo graduação, aqui.

Se isto vai acontecer até o final do meu segundo ano, que ainda nem começou, ou não, eu não sei! E também não fico arquitetando planos para conseguir, a todo custo, uma maneira de ficar. O que tiver que ser, será. É cliché, mas ainda assim é verdadeiro. A princípio, eu vim para ficar um ano e voltar ao Brasil. Agora, já estou com DS atualizado e todo o cronograma do segundo ano já no meu calendário.

O tal texto me deixou com a sensação de como se toda Au Pair já viesse para cá com seu plano premeditado, tudo friamente calculado. Pode ser que isso seja verdadeiro para algumas, mas para mim não é! Eu não vim para cá com intenção nenhuma, a não ser a de realizar meu sonho de viver neste país.

É importante ter cautela ao fazer generalizações, principalmente quando se trata de um programa de intercâmbio desta imensidão. Meninas deixam suas famílias não para passarem um mês fora, mas para passarem um ano vivendo por conta própria, pois apesar de sermos sustentadas pela host family e termos um teto para morar, ainda estamos aqui sozinhas, jogadas aos leões, aprendendo a cada dia como se virar!

Cheguei a mencionar aqui que às vezes tenho receio de estar expondo minha vida de Au Pair como algo perfeito, como a vida dos sonhos. Ser Au Pair não é passar um ano de férias, não é como viver em um comercial de Sonho de Valsa. É uma vida difícil, mas que só depende de nós mesmas para que seja perfeita dentro daquilo que queremos para nós.

É necessário saber o que esperar da sua experiência, mas sem fugir da realidade. Criar grandes expectativas pode ser perigoso, pois pode gerar decepção caso não consiga atingir o objetivo almejado. 

Eu só peço, de coração, que as generalizações parem de serem feitas. Cada um tem sua história, e esta não vai se repetir da mesma forma, com os mesmos detalhes, para outra pessoa. Sejamos mais realistas, mais objetivas, e tenhamos todas grandes experiências e ótimas histórias para contarmos.

Comentários

  1. Oi Aline! Fazia tempo q não vinha aqui... Te acompanhava enquanto ainda estava no Brasil e que bom saber q vc continua registrando tudo aqui, agora q tenho tempo novamente, vou voltar a acompanhar! Olha, comecei a ler seu post e cliquei no link antes de terminar de ler seu post, então depois de ler o outro blog, voltei aqui e agora quero falar sobre o meu ponto de vista. Achei a autora mto divertida, ela generalizou pq sim, a maioria das Au Pair se encaixam em muitas daquelas fases criadas por ela. Eu mesma consegui me enquadrar em uma delas no momento q estou vivendo agora, quase 7 meses, acho minha vida ótima aqui e acabei de decidir ficar mais um ano. Mas claro, q meus motivos não são os q ela colocou lá. Concordo com vc na questão dos motivos pra ficar mais um ano ou até mais de um, se assim, também como vc, conseguir estudar uma graduação... Também não me encaixo no começo dito por ela: pq Nunca me senti não-aceita pelas kids, nunca reclamei de nada e me dedico aqui como me dedicava nos meus trabalhos anteriores no Brasil. (temos mto em comum!) Se vc observar meu blog, só tenho do que agradecer das coisas q acontecem comigo e mta gente tb acha q minha vida é perfeita e eu tb tenho medo de expor isso... Mas viu Aline, ela mesma disse q aquilo foi só um post então não entendo pq isso te abalou tanto =\

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    1. Oi, Gisella! Que bom que ainda passa por aqui! =)

      Sobre o texto, eu tenho percebido que a Internet, atualmente, tem proporcionado às pessoas a liberdade de dizer o que querem, o que pensam, e depois terminarem com um "ah, mas foi só brincadeira", como se isso anulasse o que foi dito/escrito. Sabe aquela história de que há um pingo de verdade em toda brincadeira? Pois é...

      Eu não achei o post bem humorado, infelizmente. Talvez meu senso de humor esteja abalado, sei lá! Achei que foi um relato de uma vida e que ela generalizou como regra, mesmo no final dizendo que não.

      Ando um pouco cansada de tantas histórias de Au Pairs que só que só reclamam. Não é possível que esta experiência seja assim tão cheia de coisas ruins! Este tipo de texto me abala porque me impressiona como as histórias "ruins" têm muito mais força que as histórias boas.

      Lembro-me de como sentia medo de ser Au Pair, logo aos 18 anos, tamanho era o terror que ex-au pairs faziam em seus blogs e comunidades, como se estivéssemos aqui para sermos escravas, obrigadas, como se não tivéssemos outra escolha. Mas ninguém nos obrigou a estarmos aqui. Certo?

      Enfim.. Assim como podemos escrever o que quisermos, também temos o direito de concordar ou não com o que lemos. Neste caso, somente não concordei com a forma que ela colocou tais fases. Só isso! =)

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    2. Obrigada pela 'replica' haha Ai ai Aline... Quantos anos vc tem? Venho aos 18? =0 Assim como a Jéssica aí em baixo, também te acho muito madura! Concordo que as au pairs acabam reclamando muito mais do que elogiando =\ Adorei seus vídeos. Beijos

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    3. Eu já tenho 27! haha Vim com 26. =)

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  2. Olá Aline!!

    Eu gosto muito muito do seu Blog e checho ele todos os dias! Adoro sua forma de expor as siatuações e gosto de enxergar as coisas pelas lentes que você enxerga: de forma madura e pé no chão!!
    Mas nesse assunto aí, condordo com a Gisella, achei o post lega, uma forma bem humorada de demonstrar uma situação vivida pela maioria. É como se você fizesse alguns desenhos sobre como aconteceu com você também! Poderiam dizer: AHH MAS ELA ESTÁ GENERALIZANDO, AS COISAS NÃO SÃO TÃO PERFEITAS ASSIM! Mas foi a sua experiência, não é uma regra, aliás como você mesma sabe, a sua experiência não é uma regra, ou melhor dizendo, a forma como você encara tudo, não é uma regra, porque a maioria se desespera com cada "obstáculo" que tem que passar aí.
    Então, eu sinceramente não vi o post por esse lado, eu ri muito das figuras e até comentei lá alogiando a criatividade!Bem, é só minha opinião.
    Parabéns pelo seu blog!!!!!!!

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    1. Oi, Jéssica!
      Eu só não concerdei com a forma como ela expôs, principalmente sobre os motivos que levam uma Au Pair a estender para o segundo ano.

      Talvez eu tenha sido a única a ver de outra forma. Ou talvez seja porque eu estou na transição para o segundo ano, e isto está me fazendo pensar bastante nestes últimos dias...

      Pode ser que eu tenha me equivocado, mesmo. E quem nunca errou? O post vai continuar aí, e eu agradeço aos comentários me mostrando outro lado. =)

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