Adormecemos

Era noite de domingo. Vestiu seu pijama, escovou os dentes, desfez o topete. Sentou-se na cama, pediu um copo de água. Entreguei-lhe, e disse-lhe boa noite.

Jogou as almofadas no chão, puxou o cobertor repleto de dinossauros, ajeitou o travesseiro. Apagou a luz, deitou-se, disse-me boa noite.

Já caminhava em direção à porta, quando perguntou-me se poderia deitar-me ao seu lado por um instante. Hesitei, disse-lhe que estava exausta. Ele insistiu, dizendo que isso o ajudaria a adormecer. Reconsiderei. Ele, sorriu.

Deitei-me. Aconchegou-se. Abracei-lo. Senti-me um gigante.

Pegou minha mão, levou até seu rosto. Brincou de esconder-se, de enxergar por entre meus dedos. Contou-me suas últimas aventuras e descobertas. Aquietou-se serenamente. Acariciei seu cabelo. 

De repente, ali estava eu, deitada abraçada à minha mãe, repousando minha mão em suas costas, enquanto ela afagava meu cabelo. Senti seu cheiro. Ouvi seu coração bater. Aconcheguei-me. Fechei os olhos.

Adormecemos.

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